"Porque ele não era escritor, ele nem sabia escrever e, mesmo que soubesse escrever, que tivesse o talento de saber escrever, como outros o dom de uma voz, ele não podia ser escritor, porque ele, como outros, afinal não podia ser o quer que fosse, ele que tinha sido várias coisas sem em nenhuma se reconhecer, adiando o sei destino para mais tarde, sempre para mais tarde, o destino que julgara, sim, ser o de escritor e não era. (...)
Porque ele não era um escritor, ele, afinal e como todos os outros, também não era o que sempre desejara ter sido, quisera mais do que tudo ser, ele, como todos os outros, não sabia quem era, nem o podia vir a saber, já que ninguém se reconhece senão aos poucos para depois se desconhecer na ficção de se saber sem saber. (...)
Pedro Paixão in boa noite
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