@ Agra (Taj Mahal) - Dezembro 2010
Acho que ninguém está suficientemente mentalizado para a Índia real... O choque quando se chega é enorme. Milhares de pessoas nas ruas, em movimento, de um lado para o outro, numa azáfama constante, a venderem coisas (ou "impingirem"), a tentarem ajudar (ou "intrujar") e um outro milhar delas sem fazer absolutamente nada.
Das primeiras coisas que constatei foi que quem diz que os italianos são loucos a conduzir só pode dizê-lo tendo em conta a amostra europeia, ou coisa que o valha, uma coisa é certa: não foi à Índia.
Apitadela para aqui, buzinadela para ali, encosto deste lado e batidela do outro, mas o que interessa mesmo é que se avance, seja como for. Na estrada eles são tuctucs, carros (não muitos), motas (com uma, duas, três, quatro pessoas ou o que se conseguir lá pendurar), homens e mulheres a pé, cães (sarnosos), vacas (bastantes), camelos (volta e meia) e elefantes (alguns).
Mas no final, o que também surpreende quem acabou de chegar, no meio deste caos, é a organização. Caos organizado, parece uma antítese, mas talvez seja apenas mais uma das antíteses indianas.
Simpatia -Intrujice
Cor - Sujidade
Movimento - Olhar mortiço
Riqueza ostensiva - Pobreza extrema
Entre tanta coisa que poderia enumerar...
De seguida, há o choque do intruja que existe dentro de cada indiano, ou então apenas uma maneira de sobreviver naquela sociedade bem louca, e tão diferente daquela em que vivemos. Em todo o lado é aquela sensação de estarmos a fazer parte de um qualquer esquema para nos conseguirem dissimuladamente enganar e sacar-nos mais algum dinheiro.
Outra coisa bastante curiosa é a actividade a que muitos indianos dedicavam muito do seu tempo: a observação. Já tinha lido algures em guias ou assim, que os turistas eram ser estranhos para eles. Mas foi deveras interessante perceber o quanto a nossa presença causava estranheza e desencadeava essa actividade tão banal: a observação, no entanto, sem qualquer tipo de subtileza ou parcimónia.
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