Tuesday, July 27, 2010

Dicotomias

Eu já achei que podia aprender qualquer coisinha de auto-defesa e artes marciais para me defender dos perigos desse mundo e fui para o jiu-jitsu, mas um mês depois desisti porque achei que jamais iria ser boa naquilo.

Já acreditei convictamente que podia dançar hip hop. E depois percebi que não tinha jeito nenhum para aquilo. Quero dançar ballet.

Já pensei que podia viver no estrangeiro, mas depois percebi que não tinha vida de emigrante. Já achei que o meu lugar não é em Portugal, mas também já achei que não me via feliz noutro país.

Quero viajar pelo mundo inteiro, mas ao mesmo tempo que me imagino de calção e a acampar lembro-me que sem uma casa de banho não vivo, mas depois lembro-me de novo do giro que é andar por aí pelo meio da natureza e volto a esquecer-me das 'mariquices'. Se for preciso 1 min depois estou a pensar nas maravilhas de um hotel em que não tenha que mexer o rabo para nada e me seja fornecida comida e bebida por uma palhinha.

Já quis ser professora, trabalhar numa empresa, ser estilista, trabalhar numa farmácia. E no fim não sou nada disso.

Já quis viver em Caxias, na Expo, depois no Chiado, mas ainda não cheguei a sair de casa dos progenitores.

Eu já quis cantar e fui ao casting do cantigas da rua (vergonha). Já quis fazer parte da tuna, e tenho traje uma pandeireta e um cavaquinho, mas vesti-o 3 vezes no máximo e não sei nem uma nota. Continuo a achar que gostava muito de tocar piano.

De quando em vez sinto que não me conheço e não sei quem sou. Tem dias que acho que posso ser/fazer tudo e outros que acho que sou uma inútil que não presta para nada. Depois percebo que sou mesmo assim, estou cá nesta vida para eliminar hipóteses do que gosto ou não gosto, porque de outra maneira não me convenço. E no fundo volta e meia acho que gosto de tudo e depois acho que não gosto de nada. E tudo isto ao mesmo tempo.

Se é difícil aguentar todo este reboliço dentro de mim? É! Quantas vezes não me sinto eu cansada de mim mesma... Mas uma pessoa a mal ou a bem vai-se habituando a não ligar/não pensar muito nisso.

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